sábado, 20 de dezembro de 2008

O verdadeiro espírito do Natal



Selton Mello merece todos os elogios possíveis em sua primeira empreitada como diretor e roteirista. Feliz Natal é um dos poucos filmes que mostram realmente o que a data comemorativa representa para a maioria das famílias: um dia de celebração obrigatória, em que todos se sentem na responsabilidade de reunir a família e fazer um social.

Sombrio, sincero e certas vezes sensível, o longa também se destaca pelas excelentes atuações, em especial a do protagonista Caio (Leonardo Medeiros), um homem atormentado pela culpa do passado; e de sua mãe Mércia (Darlene Glória), uma alcoólatra viciada em remédios que garante os momentos de vexame, falando as verdades inapropriadas na frente de todos – situações de praxe em eventos familiares.

O roteiro é denso e Selton Mello consegue combinar isso muito bem com a câmera: compõe o filme com imagens embaçadas, muitos closes e alguns takes longos, que deixam o expectador com a sensação de tensão que o filme tenta passar.

Toda essa tensão é também um pouco quebrada com os momentos de humor negro, como nas discussões, lotadas de palavras de baixo calão, entre Mércia e o ex-marido Miguel (Lúcio Mauro), que toma viagra para satisfazer a namorada de vinte e poucos anos. Outros momentos divertidos são garantidos pelo pequeno Bruno (Fabrício Reis), filho do irmão de Caio, Téo (Paulo Guarnieri), e de Fabiana (Graziella Moretto).

Por sinal, uma das polêmicas do filme foi a cena de nudez da atriz, que, na verdade, não é nada ofensiva, além de ser completamente compreensível no contexto do filme. O problema foi o discurso feminista desnecessário feito por Pedro Cardoso, noivo da atriz –, que disse que “a nudez impede o ato de representar” e “Se antes era apenas por responsabilidade profissional que eu me opunha a pornografia, agora é também por amor”. As declarações fariam sentido se a cena fosse muito dispensável ou se servisse como uma forma de atrair o público – como acontece em muitos filmes – . Mas esses certamente não foram o caso de Feliz Natal.

O filme não é o mais apropriado para tentar moldar o espírito de Natal imposto pela mídia, mas é muito mais verdadeiro do que quaisquer boas ações ou tentativas de reconciliação justificadas simplesmente pelo suposto nascimento de Jesus.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Retratos Biográficos na íntegra


O trabalho fotógráfico "Retratos Biográficos da Arte de Santos", que eu eu Ciro Hamen realizamos para finalizar o curso de Jornalismo, agora está no Google Vídeos. Além da faculdade, o trabalho foi apresentado semana passada no evento Cabaré Plínio Marcos, que aconteceu na Cadeia Velha de Santos. No começo do ano que vem, vamos mostrá-lo também no restaurante La Quiche Doreé. Mais uma vez, agradeço a todos os grandes artistas que participaram do processo:


Ademir Demarchi, escritor

Alexandre Cruz (Farofa/Sesper), músico e artista plástico

Ana Akaui, artista plástica

Beatriz Aléssio, pianista

Chico Melo, artista plástico

Cid Maia, artista plástico

Deladier Almeida, artista plástico

Eduardo Kugler, artista plástico

Eliana Vergara, fotógrafa

Elver Savietto, escultor

Flávio Viegas Amoreira, escritor

Francisco Telles, escultor

Gilberto Mendes, maestro e compositor

Gilson de Melo Barros, diretor de teatro e artista plástico

Gil Nuno Vaz, compositor e poeta

José Simonian, músico

JR Fidalgo, escritor

Juan Esteves, fotógrafo

Juliana Damião, cantora

Luís Otávio Pinheiro, artista plástico

Luiz Hamen, artista plástico

Mai-Britt, artista plástica

Marcelo Ariel, escritor

Mário Gruber, artista plástico

Miriam Bezerra, musicista

Miro, cartunista

Orlando Guerreiro, artista plástico

Paulo Consentino, artista plástico

Renato Di Renzo, ator e diretor

Sandra Santos, fotógrafa

Sérgio Mamberti, ator

Valdir Alvarenga, escritor


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Algum problema? Chame David Lynch

Essa dica é para quem adora – ou odeia – o cineasta bizarro norte-americano David Lynch.

Uma das minhas melhores descobertas do Youtube nesse ano foi o quadro de sátiras sobre o diretor, feito pelo comediante Chris Dotson. Ele inventou uma solução muito interessante para os mais diversos problemas que alguém pode ter: chame David Lynch.

Os vídeos David Lynch Problem Solver, que fizeram grande sucesso no Youtube, são hilários, mas somente para quem conhece pelo menos um pouco da obra do diretor. As referências vão de tiques, propagandas, vídeos polêmicos, filmes e, principalmente, da melhor série de todos os tempos (na minha opinião), Twin Peaks.










terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Låt den rätte komma in


Fazia tempo que não aparecia um filme sobre vampiros que realmente valia a pena ver. O sueco Låt den rätte komma in (deixe a pessoa certa entrar), dirigido por Tomas Alfredson, não somente se salvou da safra de filmes ruins como Underworld, mas também pode ser considerado um dos melhores longas desse ano. Infelizmente, não há previsão de estréia no Brasil.

Baseado no livro de John Ajvide Lindqvist, uma das razões que diferem o filme dos outros do gênero é que a história tem como personagens principais crianças. Oskar (Kåre Hedebrant), um garoto de 12 anos, é a vítima preferida dos bullies da escola. Sem amigos, ele conta apenas com a companhia da mãe e do pai ausente, que por ser divorciado, às vezes leva o filho para ficar em sua casa.

Tudo muda quando Eli (Lina Leandersson), aparentemente da mesma idade do menino, muda-se para o apartamento vizinho. As crianças criam uma amizade forte e acabam se apaixonando. O que Oskar descobre mais tarde é que Eli é uma vampira de mais de 200 anos, responsável pelas mortes mais sangrentas na cidade.

A sexualidade é um aspecto relevante no filme. Apesar de Eli parecer uma garota, ela diz mais de uma vez a Oskar que não o é – o que não fica claro se ela se refere ao fato de ser uma vampira ou um garoto. O mistério é sutilmente desvendado no desenrolar do filme.

O mais interessante do longa é a devoção de Oskar por Eli, que faz com que ele a proteja em qualquer situação, tornando a história ao mesmo tempo sensível e bizarra. Além do roteiro genial, outros pontos que favorecem o filme são a belíssima fotografia e as ótimas atuações dos pequenos Kåre e Lina, admiravelmente estreantes no cinema. Vale a pena torcer para que o filme venha para o Brasil ou, para os pessimistas como eu, baixar da Internet.


quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Retratos Biográficos da Arte de Santos

Depois de anos de sofrimento, indecisão e mensalidades absurdamente altas, fazer Jornalismo revelou uma das melhores surpresas desse ano: meu grande interesse pela arte da fotografia. Eu e Ciro Hamen, como trabalho de conclusão de curso, optamos pelo ensaio fotográfico, usando um tema que foi ao mesmo tempo jornalístico e artístico. Nosso TCC tinha como proposta fotografar alguns dos mais importantes artistas de Santos.

Entre músicos, escritores, artistas plásticos e fotógrafos, conseguimos retratar 32 pessoas que contribuem para a cultura contemporânea da Cidade. O resultado foi melhor do que esperado: tiramos nota máxima no TCC e recebemos vários elogios, com direito a convites para exposições. Por todos esses motivos, o post inaugural do Hera Rubra é em homenagem a esses grandes artistas que compõem um painel da arte em Santos no ano de 2008. No próximo dia 6 (sábado), vamos apresentar um vídeo com as fotos mais legais, no evento em homenagem ao dramaturgo santista Plínio Marcos. Quem quiser conferir é só aparecer por lá (na Cadeia Velha, às 19h), mas por enquanto dá pra ver algumas das fotos mais legais aqui:



Fotos do artista plástico Luiz Hamen e do ator Sérgio Mamberti